quinta-feira, janeiro 29, 2004

Quilalea II - dica


















Em Quilalea os preços para os turistas são demasiado elevados.
Numa política perfeitamente incompreensível, o Governo Moçambicano exige que se pratiquem preços substancialmente diferentes entre turistas e residentes nacionais.
Uma estadia em Quilalea para um residente é cerca de 3 vezes menos que para um turista.
Para aqueles que têm conhecidos a viver em Moçambique, a forma de contornar esta questão é pedir para eles comprarem a estadia numa agência moçambicana como se fosse para eles. No resort nunca nos pedem prova da nossa residência e basicamente não se importam com esta questão.

quarta-feira, janeiro 28, 2004

Quilalea


















Em Quilalea só nos preocupamos com questões menores como a hora da maré para mergulhar num determinado recife.
Tudo o resto é vivido com o ritmo e tranquilidade que nos invade em África.
E finalmente percebemos o que significa desligarmo-nos do mundo e aproveitar a natureza.

sexta-feira, janeiro 23, 2004

Rumo aos States

Até ao fim de Março a Continental tem excelentes promoções de Lisboa para várias cidades norte americanas: Nova Iorque, Dallas, Phoenix, Atlanta, Chicago, Detroit e Filadélfia. Os preços variam entre 324€ e 400€.
Aqui está uma boa oportunidade de fazer uma viagem por terras do "Uncle Sam".

segunda-feira, janeiro 19, 2004

Para lá de Marrakesh



"Estava em pleno coração de Marrakech. O chão respirava o mesmo sol e o mesmo
azul do céu. Espaços a perder-nos de ânsia e deslumbramento e a ganhar-nos
o vício de voltar. No sopé do Atlas e no limiar do grande deserto, Marrakech
abriga-se entre azuis e ocres e é todos os dias protagonista de uma história
de mil e uma noites.

Os cenários de exótico encantamento ou de amor à primeira vista agarram-se
a nós para nunca mais partirem. Estou num lugar onde a imaginação fervilha
e embala os sonhos de aventura e romance entre a sumptuosidade da sua luz e
das suas sombras. Aqui a vida agita-se por entre becos, passagens, escadas
e pátios a desembocar numa rede de ruelas apinhadas de tendas de mercadores.

È, de facto, a cidade de prata, cobre e latão; cerâmicas, djellabas bordadas,
frutos secos, chá de menta e muitos, muitos cenários intrigantes que se confundem
em espectáculo alucinante, misterioso, místico e complexo. Mergulho na exuberante
praça Djemma El Fna que é o espaço do fascínio. Aquilo é um palco para um
espectáculo diário de vendedores e larápios, barbeiros e dentistas, encantadores
de serpentes, turistas e feiticeiros. Os cheiros da carne, dos sumos e especiarias
confundem-se com os engolidores de fogo, dançarinos e músicos, onde o passado se
casa com o presente para nos acompanhar num futuro de memórias. Num labirinto de
sombras e de luzes, toda Marrakech se desembrulha de beleza, conservando intacta
a sua capacidade de maravilhar.
Em qualquer parte de Marrocos, deambular pelos souks é uma especiaria para os
sentidos e cresce-nos uma surpreendente agitação no ritual de regatear com um
copo de chá na mão.
Todo o viajante acredita que Marrocos é o país árabe que conseguiu reter no
tempo o seu elemento mais marcante: o mistério. Em Marrocos, o mistério é
galvanizante e respiram-se instantes com um cheirinho de violência que abana
o visitante mais indiferente.

Daquela terra de mil rostos ficaram tatuados na memória os cheiros, as cores e
sensações que contagiaram uma apanhado de almas em busca dos encantos do deserto.
No regresso fiz o meu papel: contei uma história."

Agradeço a história enviada por um dos nossos leitores, que infelizmente não se identificou.

quinta-feira, janeiro 15, 2004

Férias na Neve

Se pretende fazer férias na neve, pode encontrar informação de estâncias de ski em todo o mundo neste site.

sábado, janeiro 03, 2004

Terra de Contradições

Moçambique gera em nós uma ambivalência de sentimentos.

É como ter na mão uma medalha de ouro, com um lado reluzente e bem gravado e com um verso oxidado e bolorento.
O país é imenso, bonito, rico em gentes e culturas, abençoado por milhares de Km de costa assombrosa, de frente para o Índico.
País de dimensões desconhecidas para nós, europeus, que vivemos em Continente sobrepovoado, que dificilmente compreendemos a imensidão da terra africana, que muitas vezes alberga somente o silêncio do abandono.



Mas comecemos pelo início - Lourenço Marques.
Lourenço Marques, ou antes Maputo, é uma cidade assombrosa. Com um plano e traçado que datam da década de 1920, tem uma grandiosidade e dimensão tão típica dos países anglo-saxónicos e tão desconhecida dos portugueses. Por o plano nunca ter sido alterado ou "atropelado", o resultado é uma cidade com grandes avenidas rasgadas, com uma simetria de quadrícula que permite uma circulação fluente.
É uma cidade em que a arquitectura dos anos 60 é predominante. Mas que parou no tempo. Em 7 anos notei algumas, poucas, recuperações de edifícios, principalmente devido à recente cimeira dos Países Africanos. Como é o caso da lindíssima estação de caminhos de ferros de Maputo, de traça colonial e resplandescente na sua nova pintura verde água.
Na Baixa surgiram alguns novos edifícios modernos de escritórios, sobretudo de investidores sul africanos e chineses. Alguns hoteis foram construídos e aqui acabam as alterações notadas em 7 anos de ausência!
A cidade está degradada a necessitar de uma grande remodelação. Mas continua bonita e harmoniosa.

Quanto às suas gentes, já não encontrei os bandos de meninos de rua que deambulavam pela cidade a pedir esmolas, filhos da guerra, sem pais ou familiares. Onde andam esses meninos, perguntei. Cresceram e fizeram-se homens. Uns conseguiram emprego, outros andam a roubar.

E o povo continua caloroso e humano? Quente e de sorriso afável?
Muitos sim, a grande maioria, felizmente.
Mas tantos outros aprenderam com os exemplos de cima a serem corruptos, a não terem condescendência, de coração fechado. Perceberam que em país de grande pobreza, há oportunidade de ganhar dinheiro com a miséria alheia. Não é nada de novo, já que os altos dirigentes políticos assim o fazem desde a independência.

A corrupção está instalada em toda a engrenagem do Estado e concentra-se em grande escala nas cidades.
Moçambique continua na cauda dos países mais pobres do mundo e 80% do seu Orçamento de Estado provem da ajuda externa. Habituaram-se a viver de mão estendida e as grandes somas de dinheiro doado são demasiado tentadoras para não serem tocadas, beliscadas, eu diria mesmo, pilhadas, por quem as gere.
Fiquei com a certeza absoluta que não voltarei a doar dinheiro para campanhas para África. Não estou a fazer mais que a transferir dinheiro para as contas na Suiça dos dirigentes que as promovem.
Foram tantos os exemplos dados por aqueles com quem convivi e que por lá moram há bastante tempo, que não me restaram dúvidas que a ajuda ou é feita directamente para quem necessita, ou perde-se nos meandros da burocracia.

É este o lado negro, desolador de Moçambique. Felizmente existe o reverso.

(continua)