quinta-feira, outubro 14, 2004

Low cost

Cada vez há mais companhias aéreas de tarifas "low cost" a operar em Portugal.
Vale a pena conhecer as companhias, pois as tarifas são muito competitivas.

* A Air Berlin voa de Lisboa, Porto, Faro e Funchal para Alemanha, Áustria, Espanha e Londres.

* A Aerlingus voa de Lisboa a Dublin.

* A Basiq Air voa de Faro para Amesterdão.

* A Easy Jet voa de Faro para Bristol e Londres.

* A German Wings voa de Lisboa para Colónia, Bona e Estugarda.

* A Virgin voa de Lisboa e Faro para Bruxelas.

terça-feira, outubro 12, 2004

Arrábida

Muito se tem falado recentemente sobre a polémica acerca da casa de Luis Nobre Guedes na Aldeia da Piedade, no Parque Natural da Arrábida e da sua decisão, enquanto Ministro do Ambiente, de demolir as "outras" construções que estivessem ilegais no mesmo Parque Natural da Arrábida.
Acerca deste assunto gostaria deixar aqui algumas reflexões: Realmente a Arrábida tem sofrido um assalto semelhante à invasão do Iraque....correndo risco de ficar semelhante a uma qualquer Bagdad...
Tem existido uma enorme apetência por todas as zona protegidas....e acho que a melhor maneira de proteger alguma zona do nosso país é retirar-lhe o estatuto de "protegida"...assim deixa de ter interesse para promotores, especuladores, residentes de fim de semana, politicos, emergentes, etc....mudam-se os tempos mudam-se os destinos...acabada que está a zona de Sintra-Cascais (lembro-me de algumas coisas em Cascais na época de Cavaco e que foram terminadas por Judas e os licenciamentos foguete de casas de dirigentes Socialistas na Praia Grande e Rodízio na época Edite Estrela, entre outras)...avança-se para a Arrábida, com vista já no Parque Natural da Costa Alentejana.
O que é curioso é que em qualquer país do mundo civilizado, quando uma paisagem é protegida, logo se criam mecanismos de defesa, existem pessoas que defendem esses locais (geralmente residentes...ou pessoas com bastante dinheiro, que pela preservação do local, compram à volta e estabelecem regras rígidas de preservação)...em Portugal é o oposto, ou seja, enquanto não loteiam, vendem e constróem, enquanto não tem tudo polvilhado de casas, condomínios e campos de golfe não param...Veja-se a Quinta da Marinha e o Abano, veja-se certas zonas do Algarve, veja-se a zona da Comporta e do barlavento Algarvio, Tróia...ou mesmo a Arrábida, incluindo a ameaçada Mata de Sesimbra, Meco ou Quinta do Perú...só para aquela zona estão previstas camas para cerca de 60.000 pessoas!
A atitude de Nobre Guedes é apenas o que talvez 90 % das pessoas fazem em relação ás áreas, ruínas, apoios agrícolas, etc...existem milhares de metros quadrados em Portugal que são antigas "ruínas" que "engordaram" com o aumento do estado de ruína, apoios agrícolas com camas, televisões, ar condicionado e afins em pseudo explorações agrícolas que nem as flores decorativas lá se conseguem criar, etc etc...muitas vezes ao abrigo de PDM's desajustados e com o beneplácito de funcionários camarários que aprovam cegamente tudo o que lhe pôem à frente...desde que "cumpra" a lei (PDM, REN, RAN, POOC, PROTALI...etc etc)!! E leis que prevem percentagens de ampliação relativas a às áreas dos lotes de terreno que permitem verdadeiras aberrações!
Um outro aspecto desagradável e reprovável é o facto de de Nobre Guedes ter feito o levantamento, projecto e contrução com a mesma pessoa (de acordo com o Expresso) que é um desenhador da C M de Setúbal...como isto é possível...alguém que desenha e constrói?...que é técnico da Câmara que aprova?...Um Parque Natural que aprova projectos sem serem projectados por arquitectos?...Alguém como Nobre Guedes, que se supôe uma pessoa culta, esclarecida, informada (agora responsável pelo Ambiente) que recorre a expedientes e contrata um desenhador(?)...ainda mais vindo de alguèm que, sendo Ministro do Ambiente, deveria dar o exemplo sobre quem deve fazer e assinar projectos...para que servem os arquitectos então??...Esperemos que quando o Ministério do Ambiente necessitar de algum projecto de arquitectura não peça ao contínuo ou ao desenhador lá do Ministério, que até tem algum jeito e costuma fazer uns favores aos amigos e desenha umas casitas à "portuguesa" lá para os Brejos ou para ou para Picheleiros....
Sem querer ser negativo...resta a confiança que as consciências vão despertando e que ainda vamos a tempo de salvar alguns restos do noso País..."desprotegendo" certas zonas!!

sexta-feira, outubro 01, 2004

Quilalea



O voo de quatro horas que nos leva de Maputo a Pemba, inicia-nos nesta experiência africana, mostrando-nos a verdadeira dimensão de Moçambique.
À chegada a Pemba, sentimos o impacto do calor húmido como uma estalada e aguardamos uns minutos pelo piloto que nos vai levar de avioneta para Quilálea, uma pequena pérola bem no coração do Arquipélago das Quirimbas, decretada santuário marinho em Setembro de 2002.
O arquipélago das Quirimbas é composto por 32 ilhas, que vão desde Pemba (a capital da Província de Cabo Delgado) até ao Rio Rovuma, que forma a fronteira natural entre Moçambique e a Tânzania.
A estadia em Quilálea era dos momentos mais desejados da minha viagem a Moçambique.
No aeroporto somos recebidos por um sorridente piloto inglês vestido de calções e camisa caqui, rosetas a denunciar uma intolerância dérmica ao calor dos trópicos.
Arrancamos numa minúscula avioneta, em busca do descanso tão pretendido.
Ao sobrevoar a costa, ficamos maravilhados com a profusão de cores e imediatamente me vêem à memória as imagens de "Out of Africa".
A viagem é feita em silêncio, pois o ronco ensurdecedor dos motores impede-nos de comentar tamanha beleza. E é na companhia dos nossos pensamentos que se esgota o curto tempo de viagem e nos aproximamos da ilha de Quirimba, situada a Norte de Quilálea.
Aqui é feita a aterragem, numa pista que esventra uma gigantesca plantação de coqueiros, que cobre a quase totalidade da ilha. Antes da aterragem, sobrevoamos em círculo a grande casa pertencente à plantação. É o sinal de aviso para nos irem buscar à pista e nos levaram a um barco que nos espera numa das praias da ilha.
Somos recebidos pelo alemão dono da plantação, de porte altivo a lembrar um dos seus coqueiros, pele curtida pelo sol, com o olhar duro de quem já viveu 50 anos numa pequena ilha do Índico a manter uma plantação de coqueiros.
Seguimos na sua camioneta de caixa aberta por uma picada entre o coqueiral, impressionados com a altura dos coqueiros, já com o sol do meio-dia a picar-nos nos ombros, ansiosos por pormos pé no barco que nos vai levar à enseada de Quilálea.
Chegados à praia, fazemos o transbordo sem cerimónias, calças arregaçadas, saco de viagem às costas mar adentro até chegar ao barco. Gosto desta descontracção – penso.
A curta viagem de barco põe-nos em contacto com o Índico, de águas transparentes e grandes promessas de bons mergulhos!
Ao fundo já se avista a pequena baía de areia branca, com as cabanas do resort discretamente integradas na paisagem.
Fomos recebidos na praia por Shawn, o gerente sul-africano, que imediatamente nos põe a par das "regras" básicas de Quilálea: os trajes são sempre informais, as refeições são combinadas com os hóspedes consoante o horário das actividades que estes querem fazer e, muito importante, a ilha não tem mosquitos, logo não há risco de malária.
Pretende-se que os hóspedes adoptem um espírito de verdadeira descontracção e usufruam ao máximo as potencialidades de um resort perdido no meio do Índico, onde não há rede de telemóveis, o telefone via rádio só funciona por duas horas e o gerador da luz é desligado às 10 da noite.
Em Quilálea só nos preocupamos com questões menores, como a hora da maré para mergulhar num determinado recife.
Tudo o resto é vivido com o ritmo e tranquilidade que nos invade em África.
A cabana que nos é destinada é de um conforto e bom gosto invulgar nestas paragens. Os materiais utilizados fazem a ligação e enquadramento com a natureza e o espaço é quase todo aberto de fronte para a praia.
Nesta pequena ilha africana que não tem o estigma da malária, vive-se com janelas, paredes e até o duche totalmente abertos ao exterior, para que a natureza seja a extensão do nosso quarto.
Assim, ao acordar a primeira imagem que vemos é o grande azul do mar a chamar-nos para aventuras marítimas.
Quilálea estava a ser tudo aquilo que imaginávamos!
Nos dias que se seguiram, dedicámos o nosso tempo a fazer os tão ansiados mergulhos nas barreiras de coral que compõem o santuário marinho. Foi o muito desejado retorno a águas quentes e tropicais, cheias de vida e cores improváveis, a lembrar os documentários de Cousteau.
A companhia do monitor de mergulho de Quilálea, o catalão Jordi, foi fundamental para umas manhãs de mar bem passadas. O seu amor pelo mar e em especial pela região, aumentou-nos o entusiasmo e os seus ensinamentos sobre a fauna local, um complemento perfeito aos mergulhos.
Para além do mergulho, Quilálea é um local ideal para a pesca desportiva de alto mar. Fenias, o capitão do barco de pesca recreativa, bem nos tentou convencer disso mesmo, mas como eu lhe expliquei, a nossa queda é mais para o convívio com os peixes e não a sua captura!
O resto do tempo é passado a desfrutar as excepcionais praias da ilha, a fazer passeios a pé ou, simplesmente, a ler um livro na quietude envolvente.
Quilálea excedeu todas as minhas expectativas e mostrou-me o melhor que se pode fazer em África: turismo de grande qualidade, num total respeito pela natureza.
O tempo escorregou-nos entre os dedos e passou mais veloz que o desejado.
Mas afinal é sempre assim quando desligamos do mundo e estamos felizes.