segunda-feira, dezembro 15, 2003

A fúria das estradas!

Terminou no passado dia 7 de Outubro o processo de consulta pública referente ao traçado do IP 8 que fará a ligação entre Sines e Vila Nova de Ficalho com destino ao Sul de Espanha.
O estudo de impacto ambiental propõe duas alternativas A e B, e a B com duas opções (B1 e B2) em que os interesses ambientais, paisagí­sticos e patrimoniais do Concelho de Santiago do Cacém são gravemente lesados. Assim, os traçados previstos na opção B atravessam uma zona de excepcional interesse, com caracterí­sticas únicas no Alentejo e que um equipamento desta natureza irá¡ irremediavelmente destruir.
A Zona em questão, albergando a povoação de Escatelares e arredores, é uma zona de minifúndio, densamente povoada, com forte produtividade agrícola.
Uma estrada a rasgar esta zona iria colocar em risco todo esta estrutura social e produtiva, em que muitas das «quintinhas» são o único sustento e ocupação dos seus proprietários.
Igualmente esta zona tem um microclima único, que proporciona uma fertilidade e uma beleza natural incomparável, que aliás, são um dos motivos de atracção turística e orgulho deste concelho.
Nesta zona localizam-se algumas das Quintas mais interessantes deste Concelho e de todo o Alentejo, desde a Quinta dos Olhos Bolidos, referenciada desde o séc. XVI, com os seus jardins barrocos, os seus lagos e tanques e árvores seculares de espécies exóticas importadas da China, India e Japão, pelo Bispo de Nanquim no séc. 18, a  Quinta de S. João, excelente exemplar de Quinta de Recreio do séc. XIX, passando pela Quinta do Pomar Grande, Quinta Nova, Quinta do Meio, Quinta da Horta, etc.
Praticamente todas elas em pleno funcionamento, e muitas delas ainda utilizando sistemas de cultivo, de rega, de parcelamentos ancestrais e que formam um estrutura única e de grande importância ambiental e sócio-económica.
Mesmo que o traçado não passe exactamente por cima, é toda esta á¡rea, uma das mais importantes do Concelho, que ficará afectada e irremediavelmente destruí­da.
Igualmente é uma area riqu­íssima do ponto de vista arqueológico, como comprovam alguns vestí­gios existentes e que uma investigação mais profunda irá certamente confirmar.
Em resumo, uma estrada, ou antes, uma barreira com 400 metros de largura irá, certamente, causar uma cicatriz de difí­cil cura nesta zona tão excepcional e sensí­vel do Concelho de Santiago do Cacém.
Existem alternativas para o traçados propostos, desde logo o traçaado já existente do IC 33, Sines-Grândola. O aproveitamento deste troço obviamente criará menos impactos ambientais, paisagí­sticos e sociais do que a duplicação desses efeitos negativos numa zona tão rica em termos ambientais, patrimoniais e históricos e sensível em termos sociais.
Este desabafo aparece porque ainda, e cada vez, mais o nosso paí­s vai sendo destruído em prol de um desenvolvimento que não se vê!
Cada vez mais nós todos temos de estar atentos e participativos para evitar que se destrua o muito pouco que nos resta.
Ou seja...se queremos ir para fora cá dentro...podemos ir porque temos boas estradas...não temos é onde ir porque os locais bonitos foram destruidos por essas estradas!

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